sábado, 23 de outubro de 2010

SALMODIA EXCLUÍDA



Degeneração do culto a Deus

Madson M. Silva
“Ninguém é capaz de cantar algo digno de Deus, exceto aquilo que recebemos Dele” ¹
Não é meu interesse, dissertar ou falar sobre salmodia exclusiva. Esta batalha não é nova. Especialmente no contexto histórico Escocês e entre embates calvinistas nos séculos XVIII e XIX, quando algumas igrejas reformadas introduziram o uso de hinos no culto. Já em 1536, João Calvino havia demonstrado seu desejo de que se cantassem os Salmos nas reuniões públicas da congregação. Nos “artigos sobre a orientação do culto público”, que foram estabelecidos em Genebra em 16 de Janeiro de 1537, diz:
“O segundo Ponto se refere aos Salmos. Desejamos que se cantem na igreja, segundo o exemplo da igreja primitiva e o mesmo testemunho do apóstolo Paulo, que nos diz ser nosso dever cantar com a boca e o coração nas reuniões congregacionais. Não nos daremos conta do proveito e edificação que se supões até que o tenhamos experimentado. Pois, falando a verdade, nos cultos que temos agora, as orações dos fiéis resultam tão frias que deveriam produzir em nós rubor e vergonha. Os Salmos nos impulsionarão a elevar nossos corações a Deus e despertarão poderosamente nosso fervor para invocá-lo e glorificar Seu nome com todo louvor. Nos daremos conta de quanto bem e consolo têm privado a igreja do Papa e seus seguidores ao dedicar os Salmos, que são cânticos espirituais, a um mero sussurro entre eles, de forma não inteligível”²
A minha preocupação reporta ao contexto reformado brasileiro. Onde um extremo não bíblico estar sendo vivenciado. É claro, que opiniões provavelmente, continuarão a existir e a divergirem sobre a persuasão dos argumentos para o uso exclusivo dos salmos para o cântico no culto público. O problema é que salmodia incluída não é mais parte do nosso culto ao Senhor.
Porém, é vergonhoso observarmos, igrejas reformadas em cultos público (santas convocações) cantarem só hinos numas espécie de hinódia exclusiva -“Solus Hinus”. Não devemos nos esquecer que, cantar salmos, além de fazer parte do culto público é uma exortação paulina (e.g. 1Co. 14.26; Ef. 5.19; Cl. 3.16). Como também, nosso Amado Salvador cantou salmos (Mt. 26.30 cp. Sal. 113-118). Não deveríamos, pelo menos seguir as suas pisadas neste singelo exemplo?
Desprezar o cântico dos salmos no culto a Deus é falta de sabedoria! Parece-me, que a figura do Bezerro de ouro, não só fascinou os Israelitas, mas, está adentrando em muitas liturgias ditas reformadas. Liturgias, que primam pelo belo (Estética Cultual), pelo Hedonismo (Prazer no Sensitivo), pela extravagância e pelo ouro. Muitos, já abraçaram potencialmente os princípios (se é que existe?) dos cultos (se é, que é culto?) dos ajuntamentos neopentecostais. Onde o marketing, a publicidade, o triunfalismo, a confissão positiva, a teologia da prosperidade é o lema. Onde o bezerro de ouro é preferível ao Cristo da manjedoura!
Ainda mais, tudo isso embalado de forma absurda e antibíblica com a ressurreição do ministério levítico participando das ministrações de louvores, acompanhado e expressado pelas evangeliquetes que dançam. Muitas delas, exibindo em seus corpos toda a sensualidade que é transmitida por seus movimentos e vestimentas aerobicais.
Mas, você pode pensar e dizer, na minha igreja ainda não tem tal prática? Que bom! Então, por que não lutarmos por uma inclusão, por uma prática do cântico dos salmos? Por que, não se fala mais em cantar salmos, em nossos cultos?
Minha observação e denúncia, é que seja resgatada a prática no culto publico de se cantar salmos também! Alguns, na luta contra a salmodia exclusiva se esquecem e lançam o bebê com água limpa fora.
Pense nisso!
No culto público onde congrego é cantado os salmos? Ou tal prática saudável já foram excluídos?
Que o Senhor, Edifique e fortaleça a cada dia a Sua igreja através de uma reflexão neste assunto importante. - A inclusão dos salmos no culto público ao Senhor Deus!



Confissão de fé de Westminster – Capítulo XXI/V
DO CULTO RELIGIOSO E DO DOMINGO
A leitura das Escrituras com o temor divino, a sã pregação da palavra e a consciente atenção a ela em obediência a Deus, com inteligência, fé e reverência; o cantar salmos com graças no coração, bem como a devida administração e digna recepção dos sacramentos instituídos por Cristo- são partes do culto comum oferecidos a Deus, além dos juramentos religiosos; votos, jejuns solenes e ações de graça em ocasião especiais, tudo o que, em seus vários tempos e ocasiões próprias, deve ser usado de um modo santo e religioso.
Textos para serem estudados: Ef. 5.18-19; Cl. 3.16; Tg. 5.13; At. 16.21,25; Ap. 1.3; II Tm. 4.2; Tg. 1.22; At. 10. 33; Hb. 4.2; Mt. 28.19; Dt. 6.13; Ne. 10.29; Ec. 5.4-5; Jl. 2.12; Mt. 9.15.

1. Stº Agostinho, em Confissões
2. João Calvino, As Institutas da Religião Cristã, III, XX
3. Revista Os Puritanos, Os Hinos do Povo de Deus, Ano XIII, Nº 1; 2005.
4. Confissão de fé de Westminster – Capítulo XXI/V;Ed. Casa Editora Presbiteriana, SP. 1991.

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