sexta-feira, 20 de agosto de 2010
O 8º Mandamento e a Pirataria
Algo comum em nossa nação (que segundo analistas deixou de ser um país
subdesenvolvido e agora é um país em desenvolvimento) é o consumo
desenfreado de material ilegal, ou como é mais conhecido, material pirata. Uma
caminhada rápida pelas principais ruas de nossas cidades demonstrará isso. São
inúmeros os “stands” de venda de CDs e DVDs ilegais. O interessante é que a
procura por tais produtos faz valer a oferta, de maneira que, tornou-se
praticamente impossível um combate eficaz contra esse tipo de prática.
Não obstante, não podemos restringir a questão da pirataria apenas às mídias
digitais. O problema é bem mais grave do que imaginamos. A pirataria está
plenamente enraizada e entranhada em nossos corações. Por exemplo, o
consumo de softwares “copiados” (leia-se “piratas”) é comum, roupas, bolsas
femininas, relógios e muitas outras coisas (vi uma reportagem sobre pirataria que
afirmava que até mesmo peças de avião já estão sendo pirateadas). Percebe-se,
que a pirataria tem se tornado um mal generalizado, presente em praticamente
todas as linhas de produto.
De que forma a igreja evangélica tem se postado em relação a isso? Infelizmente,
a grande maioria dos evangélicos, inclusive alguns reformados, tem capitulado e
se rendido aos encantos de material mais barato. Encontramos pontos de venda
de material pirata exclusivamente evangélico. Irmãos e irmãs, quando de suas
idas a São Paulo, são por demais frequentes em locais, como por exemplo, a
famigerada Rua 25 de Março. Também consumimos programas de computador
pirateados e achamos que está tudo normal. Baixamos músicas e filmes pela
internet sem o menor constrangimento. Nossa mente (nossa velha fábrica de
ídolos) é hábil em encontrar desculpas e justificativas reducionistas para nosso
comportamento pecaminoso. Dizemos coisas como: “César (o governo) impõe
sobre nós uma carga tributária abusiva!”, “Eu copio, mas não é para vender, e
sim para consumo próprio!”. Precisamos compreender que com tais desculpas
podemos até calar nossas consciências, porém, não enganaremos a Deus.
O consumo de material ilegal não recebeu a alcunha de “pirataria” por acaso.
Interessante é a explicação fornecida por Paul D. Simmons a este respeito:
A pirataria é (1) roubo ou tomada ilegal de bens no mar ou nas
margens do mar ou (2) o uso não autorizado ou apropriação de
obras com direitos autorais [...] No uso moderno, a pirataria se refere
a um tipo de roubo mais sofisticado. O comércio e a indústria usam
aparelhos patenteados sem autorização, peças musicais são escritas
por alguns e usadas como sendo de autoria de outros, e escritores
(incluindo teólogos) têm plagiado material escrito. Outros, sem a
mínima ética, publicam ideias colhidas de fontes não publicadas sem
mínima ética, publicam ideias colhidas de fontes não publicadas sem
dar crédito ao autor original. O desenvolvimento da informática e dos
meios de comunicação a ela associados (Internet, CDs e MP3s)
facilitou esse tipo de pirataria.
Então, entendamos que pirataria é roubo! E, sendo roubo, é uma flagrante
quebra do Oitavo Mandamento: “Não furtarás” (Êxodo 20.15). O Catecismo Maior
de Westminster, na resposta à pergunta 141, afirma que entre os deveres
exigidos pelo Oitavo Mandamento estão incluídos: “dar a cada um aquilo que lhe é
devido; restituir aos donos legítimos os bens tirados deles ilicitamente”. Pirataria é
negar ao dono de determinada obra aquilo que lhe é devido. É fazer uso ilícito
daquilo que pertence a outrem. Então, pirataria é roubo.
Adiantando possíveis objeções, é preciso afirmar que tal entendimento anda longe
de ser farisaico. Quando lembramos da exposição feita pelo Senhor Jesus Cristo
dos mandamentos do Antigo Testamento, podemos ver que, de fato, é assim.
Para que alguém se torne culpado da quebra do Sexto Mandamento (Não
matarás) não é necessário dar um tiro ou esfaquear alguém. Basta se irar sem
motivo ou proferir insultos contra ele (Mateus 5.21-26). Para que você seja
culpado de adultério não é preciso que tenha relações sexuais fora do casamento.
É suficiente olhar para outra pessoa com intenções impuras no coração (Mateus
5.27-30). De igual modo, para nos tornarmos culpados de roubo ou furto não
precisamos chegar ao cúmulo de tomar à força ou de forma oculta o que
pertence a outras pessoas. Basta fazer uso sem dar a quem de direito o que lhe
pertence.
É verdade que a carga tributária em nossa nação é altíssima. É verdade que
trabalhamos quatro meses apenas para pagarmos impostos. É verdade também
que não vemos o retorno dos impostos pagos em áreas como saúde, educação e
segurança. É verdade que nossos governantes usam nossos impostos de forma
fraudulenta. Porém, não é correto protestar contra isso cometendo pecado
contra a Lei do Senhor. Não podemos justificar nossos pecados fazendo uso dos
pecados do Estado. César toma o que é nosso? Sim, sem dúvidas! CDs e DVDs
originais são caros? Sim, com certeza! Porém, queridos Irmãos, também fomos chamados para sofrer como e por Cristo nesta área.
O Império Romano também era extremamente abusivo na cobrança de impostos.
No entanto, encontramos Jesus dando o exemplo e pagando os seus impostos
(Mateus 17.24-27). O mais interessante, é que Jesus não tinha nenhuma
obrigação de pagar tributo, porém, ele o fez para evitar escândalos (v. 27). Fomos
chamados para fazer a diferença também no que concerne ao uso correto e justo
de produtos originais. Fomos chamados pelo Senhor Jesus Cristo para seguirmos
os seus passos dizendo “Não!” à pirataria em suas variadas formas. Fomos
chamados para imitarmos o exemplo dos cristãos primitivos, que aceitavam com
alegria o espólio dos seus bens. E a razão que os levava a agirem assim, era a
certeza de possuírem no céu patrimônio superior e durável (Hebreus 10.34).
Obedeçamos ao ensinamento de Cristo: “Daí a César o que é de César e a Deus o
que é de Deus” (Marcos 12.16).
Que possamos refletir seriamente a este respeito. E que o Senhor nos conduza
ao arrependimento!
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Fonte: Blog cristianismo reformado.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Liturgia na tradição Reformada
Características
1. Objetividade
No entendimento de Calvino, o culto tem o objetivo principal de glorificar a Deus. Todos os elementos da liturgia — leitura, oração, canto, sacramento, sermão — combinam-se para dar voz a uma grande doxologia oferecida pelo seu povo.
Calvino rejeitou os outros conceitos do culto, correntes em sua época:
a) O da Igreja Medieval, para a qual a liturgia servia como meio de obter graça e perdão. Calvino ensinou que a graça e o perdão já foram alcançados para nós pelo sacrifício de Cristo. A congregação se reúne, não para obter graça , mas para celebrar com gratidão o dom gracioso da salvação, concedido por Deus aos que crêem;
b) O dos Anabatistas, os quais argumentavam que a finalidade do culto é proporcionar ânimo e conforto espiritual ao indivíduo. Calvino contestou esta posição por ser uma inversão do objetivo do culto, centralizando-o nos sentimentos do crente, ao invés de dirigi-los ao criador. O culto reformado não é subjetivo, com ênfase nas emoções religiosas do indivíduo. É a glória de de Deus que buscamos no culto, e esta em primeiro lugar. O nosso próprio benefício espiritual é um dos frutos que resulta da adoração a Deus. A comunidade cristã se reúne para render ao Senhor “a glória devida ao Seu Nome”
2. Ênfase na Palavra do Evangelho
É na Palavra do Evangelho que Deus se revela a seu povo: a) nas leituras das Escrituras Sagradas; b) no sermão; c) na Santa Ceia, em que a mesma Palavra é comunicada por outra maneira.
3. Ênfase no sacramento da Santa Ceia – Calvino insistia em que a santa Ceia devia ser celebrada todos os Domingos – (Institutas, IV, XVII, xliii). João Knox também deu a mesma importância ao Sacramento. A mesa da Ceia era o ponto central no templo (não o púlpito e nem tão pouco um altar), o ministro dirigindo o culto da mesa, subindo para o púlpito apenas para ler as Escrituras e para pregar. Em Genebra , os participantes sentavam-se à volta da mesa para tomar a Ceia do Senhor.
Para Calvino, o ponto culminante da liturgia é o Sacramento.
4. Continuidade com o passado
A liturgia não era uma “reforma” feita na Missa; era o reestabelecimento do culto da Igreja Primitiva, sem as perversões da Idade Média.
O Instrumento com que Calvino contou para efetuar a restauração do culto da Igreja Primitiva foi o Saltério. Nos Estatutos relativos à Organização da Igreja e do Culto em Genebra (1537), Calvino escreveu: “Desejamos que os Salmos sejam cantados na Igreja de acordo com o uso da antiguidade e o testemunho de São Paulo. O canto dos Salmos nos estimula a levantar os nossos corações a Deus”. Juntamente com os Salmos, foram cantados também os credos dos primeiros séculos da Era Cristã, o Decálogo, o Nunc Dimitris e outros hinos do Novo Testamento – todos metrificados. O culto Reformado não era inovação baseada na invenção dos reformadores; tinha profundas raízes no passado nas liturgias do antigo Israel e na Igreja Católica primitiva.
5. Ênfase na participação de todo o povo
Através dos hinos todo o povo de Deus participava na liturgia. Não era um coro de vozes treinadas, que cantava para uma assistência; era a congregação de Jesus Cristo, que cantava para o louvor e a glória de Deus.
6. “Faça-se tudo decentemente e com ordem” (I Coríntios 14:40)
A liberdade dentro dos princípios do Cristianismo Primitivo evitava por um lado, o formalismo de ritos mortos, e portanto, o relaxamento que se observa em muitas igrejas, onde qualquer “salada” seve para o culto e onde não existe qualquer senso de liturgia.
Calvino insistiu em que houvesse liberdade disciplinada, na liturgia do culto.
7. Liturgia em função da Transformação da Igreja e da Sociedade
É importante notar que para Calvino, dar glória a Deus significava muito mais do que entoar louvores no templo aos Domingos. Para ele, significava permitir que o Espírito Santo transformasse a vida individual e coletiva de tal forma que atingisse todos os seus aspectos religiosos, familiares, sociais, políticos, culturais, para se tornarem um grande salmo de louvor a Deus.
Fonte: apostila de palestra sobre Ano Cristão, Liturgia Reformada e Cores Litúrgicas, autor desconhecido
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Meditação – 10 motivos e 10 métodos
Dez motivos para a meditação
Eis dez razões por que você deveria fazer da meditação na Escritura parte da sua vida cristã.
1. A meditação detém o pecado
Se guardarmos a Palavra de Deus no coração ela deterá o pecado na sua raiz (Sl 119.11).
2. A meditação dá início ao bem
A meditação acerca de mandamentos e exortações práticas da Bíblia lembra-nos os nossos deveres cristãos. Aquilo em que pensamos é o que finalmente fazemos (Pv 23.7).
3. A meditação guia e renova a oração
A meditação nos versículos da Escritura abre novos tópicos e áreas para a oração.
4. A meditação faz da falta de sono uma bênção
O salmista transformou a horas “perdidas” da insônia num banquete que sacia a alma (Sl 63.5-6).
5. A meditação não desperdiça tempo
É mais proveitosa do que, digamos, assistir tevê, e fará você mais feliz (Sl 1.1-3).
6. A meditação lhe deixa pronto para testemunhar
Ao enchermos o coração com Deus e sua Palavra estaremos mais bem preparados para responder a todos que pedirem a razão da esperança que há em nós (1Pe 3.15).
7. A meditação auxilia na sua comunhão com outros
Você pode edificar outras pessoas na comunhão com elas, podendo sugerir um versículo para discussão e apresentar algumas ideias a respeito dele.
8. A meditação aumenta a comunhão com Deus
Deus encontra-se com o seu povo mediante as Escrituras. Quem nunca medita na Escritura jamais se encontrará com Deus e caminhará com ele.
9. A meditação revive a vida espiritual
“Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz” (Rm 8.6).
10. A meditação tem ainda muitos precedentes e exemplos bíblicos (Sl 19.14; 39.3; 77.12)
“Seja-lhe agradável a minha meditação; eu me alegrarei no SENHOR” (Sl 104.34)
Dez Métodos de meditação
1. Limite-se
— Para começar a praticar a meditação, separe não mais do que cinco ou dez minutos
— Comece com um único versículo ou parte de um versículo
2. Varie
— Em alguns dias, escolha um versículo teológico; em outros, um texto prático ou devocional
3. Escreva
— Escreva o texto num cartão pequeno
— Coloque-o num lugar onde possa acessá-lo regularmente (carteira ou bolso?)
4. Memorize
— Memorize o texto em blocos de duas ou três palavras
— Diga-o em voz alta
— Defina momentos específicos ao longo do dia para relembrar o versículo (café/refeições)
5. Mantenha o foco
— Identifique as palavras-chave e procure-as num dicionário (português ou Bíblia)
— Substitua algumas palavras por significados paralelos ou mesmo opostos
6. Questione
— Pergunte ao versículo (quem, o quê, onde, quando, por quê, como?)
7. Explique
— Como você explicaria o versículo a uma criança ou a alguém sem formação cristã
8. Ore
— Use o versículo ao orar (adoração, confissão, graças, súplicas)
9. Revise
— Guarde os cartões e todo domingo releia-os e teste sua memória acerca deles
10. Pratique
— Que não seja apenas um exercício intelectual, mas que leve à prática (creia, arrependa-se, tenha esperança, ame, etc.)
Postado por Madson Marinho
Autor: Dr. David Murray
Fonte: Head Heart Hand
Tradutor: Marcos Vasconcelos
Imagem: Afonso Matias
Confissão de pastor
Reconheço que muitas vezes faço a tua obra sem o teu poder,
e peco por causa do meu culto morto, frio e cego;
por causa da minha falta de luz interior, amor e deleite;
por causa da minha mente, coração e língua movendo-se sem o teu auxílio.
No meu coração vislumbro o pecado ao buscar a aprovação dos outros;
É essa a minha vileza, ter na opinião dos homens a minha regra, ao passo que
deveria contemplar o bem que tenho feito,
e dar-te glória,
considerar o pecado que tenho cometido e lamentar por ele.
A minha fraude diária é pregar, e orar,
e estimular os sentimentos espirituais dos outros
para auferir louvores,
quando a minha regra deveria ser considerar-me diariamente mais vil
que qualquer outro homem a meus próprios olhos.
Nada obstante tu mostras o teu poder mediante a minha fraqueza,
de tal modo que quanto mais débil sou, tanto mais apto estou para ser usado,
pois tu armas uma tenda de graça na minha fraqueza.
Ajuda-me a me regozijar nas minhas fraquezas e te louvar,
a reconhecer as minhas deficiências diante dos outros
e não ser desencorajado por eles,
para que possam enxergar a tua glória mais claramente.
Ensina-me que eu tenho de agir mediante um poder sobrenatural,
pelo qual posso tentar realizações acima da minha força,
e suportar males acima do meu poder,
agindo por Cristo em tudo, e
tendo o seu poder superior para me socorrer.
Que eu aprenda de Paulo
cuja presença era fraca,
cuja fraqueza era grande,
cuja palavra era desprezível,
mas tu o consideraste fiel e bendito.
Senhor, deixa que me ampare em ti, assim como ele,
e reconheça que o meu ministério é teu.
postado por Madson Marinho
Fonte: The Valley of Vision, a collection of puritan prayers & devotions, org. Arthur Bennett, p.187
Tradutor: Marcos Vasconcelos
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